terça-feira, 23 de junho de 2009

Um monólogo interior, em busca do vale encantado


Farta… sinto-me já sem pernas sem braços e sem cérebro lúcido… estou em pranto desespero da vida , vejo-me num precipício e prestes a cair…
Quero o Céu a Terra o fogo e o Mar, quero a perfeição alcançar, aquela perfeição imperfeita de um equilíbrio próximo, mas parece que nada alinha nesta terra, parece-me tudo tão contraditório e inseguro. Porque é que tudo tem de ser assim tão nublado... por agora, e logo agora? Quero achar o caminho que passa esta neblina e encontrar um tal vale encantado por ai. Sei que existe e tenho essa esperança. A vida não tem de ser assim, já que é tão curta… não pode, isto tem de ser uma ilusão temporária, uma gracinha de percurso! Tem de ser…
Quero sonhar e ir mais alto, encontrar as pessoas certas, quero sentir-me completa e preencher quem me rodeia. Quero e Quero e depois?? Nada tenho!
Um dia...
Um dia espreito-te da janela como se chamasses por mim, não estas cá mais uma vez, pura ilusão temporal. Sinto-te como se fosse ontem, como se a lua ainda me iluminasse com aquela cor ténue esbranquiçada, e não com estas luzes inquietantes, irritadiças e instáveis que agora ousam atacar-me. Pior quando enxergo-te realidade e odeio-te agora por isso! Mas sei que um dia te vou amar, e olhar-te-ei com outros olhos, de me esfregares tantas verdades na cara!!
Quero libertar-te de minha alma e olhar para ti como ser que agora te tornaste dentro do meu mundo, e esquecer aquilo que agora parece já nada significar.
Nada poderás alterar sozinha nesta batalha, em que o término ilusoriamente parece ainda não ter chegado... Todo o meu acto, atitude, gesto, mudança é em vão, nada parece valer a pena neste desnorteado presente, nada dos meus actos terá agora o devido valor, serão olhados como bichos e de forma contrária aquilo que são… É o desespero, sentir e não ser sentido, compreender e não ser compreendo, ganhar e de seguida perder, e ser a única a ver e observar coisas, coisas essas que agora parecem vazias à espera de um rechear de riquezas perdidas...
Esquece! Sendo assim então o caminho terá de ser outro!
Agora exploro-te mundo meu, agora que posso dedicar-me e abraçar-te, por sentir-me numa tal sala branca, uma sala branca vazia sem ninguém, onde só eu estou para auxiliar-me.
Um dia, espero... abrirei a porta, para um encontro verde acompanhado por suas cores primarias,segundarias e terçarias, e ai, dar de caras com um tal de vale encantado! Já me pareceu mais longínquo, de facto...


Sofia Proença Gonçalves